O parto em casa está mais seguro nas mãos das parteiras do que nas mãos dos médicos. É preciso saber observar e esperar, sem impor horários nem tentar controlar os acontecimentos. A educação obstétrica treina os médicos para dirigir o nascimento, controlar o tempo, esperar que o parto decorra de acordo com normas impostas e agir "em caso de surgir um problema". Isto introduz riscos desnecessários. A parteira é especialista no acompanhamento do parto de baixo risco. Os obstetras sabem de partos com complicações. Interessam-se quando as coisas correm mal, de facto.
Penso também que o parto em casa contribui para dignificar a actividade das parteiras. Actualmente, elas são apenas enfermeiras num hospital. A profissão é mais do que isso. Muitas parteiras não estão sastifeitas com o trabalho que desempenham, não têm responsabilidade, nem poder de decisão, sentem-se sugadas pela mesma máquina que suga as mães.
Extraído da Entrevista a Sheila Kitzinger conduzida pela Jornalista Maria João Amorim, Revista Pais & Filhos, Janeiro de 2007, nº192