sexta-feira, 24 de junho de 2005

O Parto na Água

Este é um tipo de parto que desperta cada vez mais interesse nas grávidas de hoje. É um procedimento seguro, que, se realizado sob bases da medicina baseada em evidências, proporciona resultados gratificantes, tanto para a mãe como para o bebé.
(...)

O QUE É O PARTO NA ÁGUA
É a junção de dois elementos que mexem muito com a natureza humana.
Água e nascimento. Um é suave, plástico e volúvel; o outro é violento, contundente e frutuoso. Dá para imaginar o que vai sair?
É o parto onde a água é usada como elemento de relaxamento (para a mãe) durante o trabalho de parto. Pode ser usado na forma de chuveiro, duche, nas costas ou na barriga, uma banheira normal ou mesmo uma banheira de hidromassagem.
O bebé pode nascer debaixo da água ou não. Por definição o parto na água é o que o bebe nasce tendo a mãe o genital totalmente coberto de água.
Uma mãe primípara não deve entrar na banheira antes de atingir 7 cm de dilatação (pois diminuiria a progressão da dilatação). A que tiver o segundo ou terceiro bebé pode entrar desde que atinja 6 cm.

ACÇÃO DA ÁGUA
A água deve estar aquecida, por volta de 35- 37 graus. Isto provoca um aumento da irrigação sanguínea da mãe, diminuição da tensão arterial, alem de relaxamento muscular, o que faz com que a mãe tenha um alívio da sensação dolorosa.
Michel Odent acha que todo este ambiente favorável à mãe acaba por favorecer a produção de occitocina, que, segundo ele, é a hormona do amor. (...)
A água mexe com a natureza humana, quase todas as crianças adoram brincar com a água.
A parturiente fica mais leve dentro da água, pode movimentar-se melhor, girar a bacia, procurar posições que se sinta melhor, e o bebé dentro dela também fica mais leve....então por que não?
VANTAGENS do parto na água são numerosas, e podem ser melhor analisadas neste contribuição da Associação Primal da Espanha.

DESVANTAGENS
Há questões sobre os partos considerados de risco: gemelares, pélvicos, prematuros, embora alguns defendam que mesmo neste caso a água pode trazer uma ajuda.
Contra indicamos os partos na água em casos de bebés com tamanho (ecografia) previsto para acima de 4500. Entre 4000 - 4500 gramas deve ser avaliado, pela possibilidade de distócia do ombro.
A episiotomia pode ser feita com dificuldade dentro da água, mas pode ser feita.
Em casos com antecedentes de hemorragia contra-indicamos o parto aquático, embora se possa usar a água no período de dilatação.
(...)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A água é um elemento terapêutico, que pode trazer muitas vantagens ao desenrolar do parto, favorecendo o processo de dilatação, o alivio das dores, o relaxamento muscular da mãe e emocional também.
A nosso ver, deveria vencer-se o preconceito que existe em relação à instalação de banheiras em ambiente de parto, para que as parturientes pudessem dispor deste recurso para um parto mais humanizado.

Dr. Adailton Salvatore Meira

Informação retirada de www.maternatura.med.br
Adaptado por Cristina Carvalho

Nota: Destacamos a entrevista exclusiva do Dr. Michel Odent, sobre este tema, à revista Pais & Filhos, edição do mês de Julho.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Cesarianas Electivas Repetidas Podem Afectar Negativamente os Recém-Nascidos


Nova Iorque ( Reuters Health ) 09 de Junho de 2005

Comparativamente com o parto vaginal, submeter-se a repetidas cesarianas programadas, aumenta, aparentemente, o risco de o recém-nascido necessitar de ser encaminhado para uma unidade de cuidados avançados. Os investigadores advertem que as mulheres devem estar alerta para este facto.

O estudo surgido na publicação de Maio do American Journal of Obstetrics and Gynecology, é o primeiro a comparar directamente bebés nascidos de cesarianas electivas, com bebés que passaram por um trabalho de parto em gravidezes de baixo risco, referenciam o Dr. Nicholas Fogelson e colegas, da Medical University of South Carolina em Charleston.

Numa análise coorte retrospectiva, os investigadores estudaram recém-nascidos de 3134 mães com intenções de parto vaginal e 117 de mães que se submeteram a repetidas cesarianas electivas.

Na análise global, o rácio de risco de admissão numa unidade de cuidados avançados era de 3.58 para bebés no grupo de cesarianas electivas comparativamente com os bebés do grupo com intenções de parto vaginal (p < 0.001). A ocorrência de taquipneia passageira era, igualmente, mais comum no grupo de cesarianas electivas (p = 0.0009).
Quando a análise se limitava a mães sujeitas a cesarianas não programadas após trabalho de parto, a necessidade de internamento nos cuidadados avançados não era estatisticamente significativa. Igualmente, os bebés nascidos deste grupo tinham maior probabilidade de ter um APGAR mais baixo que os nascidos no grupo de cesarianas electivas.

“A decisão de se submeter a uma cesariana programada aparenta ter um impacto negativo nos recém-nascidos,” afirmam os autores. Eles advertem que, para mulheres que estejam a considerar uma cesariana programada, “ os médicos devem informar as pacientes sobre possíveis consequências para os bebés, tendo em conta a preocupação pelo bem-estar materno.”

American Journal of Obstetrics and Gynecology 2005;192:1433-1436
Traduzido por Cristina Carvalho

terça-feira, 7 de junho de 2005

Parto vaginal depois de cesariana em casa ou no hospital?

Would you advise a home birth or water birth when attempting a VBAC?

In an ideal world, we should not contrast home birth and hospital birth.
When an effective communication has been established between the home birth midwife and the obstetrical team, it should be possible to combine what the privacy of the home can offer and what the hospital facilities can offer.

If a laboring woman feels secure in her own "nest", if an experienced, motherly and silent midwife is available, and if the first stage is easy and straightforward, it may be risky to change the environment in hard labor: a transfer to hospital can induce inhibitions.

On the other hand, if the first stage is slow, difficult and very painful, it is probably better to change the environment and to go to the hospital. The point is not to be the prisoner of a project. Such strategies are valid for almost all births, but still more when attempting a VBAC.

When I introduced the concept of hospital birthing pools in the 1970s, our first objective was to reduce the need for drugs when the labor was long and difficult. Originally, we used it in particular in the case of a woman attempting a VBAC, if the contractions were becoming less effective around 5 centimeters. At that phase of labor, immersion in water at the temperature of the body is usually a way to reach complete dilation within an hour or two.
Once more, it is important not to be the prisoner of a project, such as the project of giving birth under water. Many women feel the need to get out of the pool for the very last contractions.


Mais perguntas e respostas ao Dr. Michel Odent em:
http://www.mothering.com/sections/experts/odent-archive.html#pool

quarta-feira, 1 de junho de 2005

Cólicas, Depressão Materna e Problemas Familiares

Novo estudo relaciona Cólicas e Depressão Materna com Problemas Familiares

25 de Março de 2005

Algumas famílias com novos bébés confrontam-se, em relação a estes, com choro excessivo ou cólicas. E algumas mães atravessam depressão pós-parto (DPP), na sequência do nascimento dos seus filhos. Nenhuma destas situações é considerada saudável, mas um estudo recente publicado no Infant Mental Health Journal, concluiu que o impacto combinado das cólicas e DPP, pode ter um resultado altamente negativo.
Os investigadores relacionaram bébés com cólicas e depressão materna como tendo implicações no funcionamento geral de toda a família.

“Concluimos que sintomas severos de depressão nas mães estavam relacionados com bébés inquietos ou de temperamento difícil, stress parental mais elevado, auto-estima parental mais baixa e maior número de problemas no funcionamento familiar,” diz o autor Barry Lester , PhD, no Bradley Hasbro Children’s Research Center e na Brown Medical School.

(...)O seu livro mais recente, Why is My Baby Crying?, foi publicado o mês passado pela Harper-Collins, e é tido como “o guia de sobrevivência dos pais para lidar com os problemas do choro e das cólicas”.

”A causa, ultimamente mais atribuída pelos pais para o choro dos bébés são as cólicas,” como afirmam Lester e seus co-autores, ”logo uma possibilidade é que problemas relacionados com o choro, como as cólicas, funcionam como catalisador para disfuncões em famílias mais stressadas.”

Exemplos de disfunções familiares podem incluir falta de comunicação, confusão sobre os papéis de cada elemento, dificuldade na resolução de problemas familiares, pobre interação familiar e baixa resposta emocional.

(...)

“44% das mulheres que recorrem à Colic Clinic estão deprimidas, é uma grande percentagem e agora temos evidências que mostram que é prejudicial para toda a família,” diz Lester.

A depressão pós-parto tem sido descrita como a complicação pós-parto mais comum e a menos reconhecida, no entanto ocorre em 15 a 20% de mulheres no pós-parto. De acordo com a American Psychiatric Association, os sintomas de DPP incluém perda de interesse e de prazer nas actividades habituais, juntamente com alterações de sono e de apetite, perda de energia e/ou pensamentos recorrentes de morte, por um período de, pelo menos duas semanas.

Os autores esperam que este estudo incite os pediatras a fazerem mais perguntas sobre o o bem estar parental e familiar, no decorrer da consulta de rotina do bébé.

“Reconhecendo o risco potencial que o choro e a depressão materna apresentam, os cuidados pediátricos têm, aqui, uma oportunidade de apresentar soluções que possam prevenir futuros problemas no seio familiar,” concluem os autores.

Este estudo foi publicado no volume 26(1) do Infant Mental Health Journal
Traduzido e adaptado por Cristina Carvalho