quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Risco Acrescido de Alergia ao Leite de Vaca em Sequência de Cesariana



por Will Boggs, Médico
Nova Iorque (Reuthers Health).
13 de Setembro de 2005

Crianças nascidas de cesariana têm um risco duplamente acrescido de ter alergia ou intolerância ao leite de vaca quando comparadas com outras crianças, segundo uma reportagem na edição de Setembro da revista „Allergy“.
„Se as descobertas se confirmarem e o mecanismo subjacente se mostrar aliado a uma flora microbiana intestinal alterada, isto abrirá possibilidades muito interessantes no tratamento futuro a doenças alérgicas.“, disse à agência Reuthers Health o Dr. Merete Eggesboe do Instituto Norueguês de Saúde Pública, em Oslo.
O Dr. Eggesboe e seus colegas, que já anteriormente anunciaram uma associação semelhante entre a cesariana e as alergias ao ovo, ao peixe e aos frutos secos, investigaram a possibilidade de uma ligação entre a cesariana e a alergia/intolerância do leite de vaca em 2656 participantes no Oslo Birth Cohort. Embora por parte dos pais não houvesse ligação entre o tipo de parto e as reacções da criança ao leite, os autores demonstram que a alergia/intolerância ao leite é duas vezes superior entre crianças que nasceram por cesariana do que entre aquelas que nasceram por parto vaginal.
Nenhuma das crianças diagnosticada inicialmente com alergia/intolerância ao leite mas que ficara tolerante aos 2 anos e meio de idade, tinha nascido por cesariana, notam os investigadores, sugerindo assim uma associação negativa entre tornar-se tolerante e a cesariana.
„Os resultados deste estudo não se podem explicar pelas diferenças entre crianças com ou sem pré-disposição, vindo, desta maneira, reforçar a teoria de que uma colonização intestinal inicial tem um papel na etiologia das alergias alimentares.“, concluiram os investigadores.
„Nós iniciámos uma investigação sobre a microflora intestinal nas crianças, relacionando-a com o tipo de parto e com o aparecimento de doenças alérgicas.“, diz o Dr Eggesboe. „O nosso objectivo é estudar se alguma das alterações observadas na flora intestinal associada ao tipo de parto, está também associada ao desenvolvimento de doenças alérgicas.“
Allergy 2005;60:1172-1173.
A ADP agradece à Doula Ana Raposeira, a disponibilidade para a tradução deste interessante artigo.

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