terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

Tomar Decisões

"Num certo sentido, a experiência de gerar e dar à luz um bebé é um processo simples que, na maior parte das vezes, funciona na perfeição sem qualquer intervenção. É também um processo bastante complexo, com potenciais complicações e dilemas capazes de construir um desafio. Nas sociedades ocidentais, o sistema de saúde – concebido para lidar com esses desafios – pode tornar a gravidez e o parto mais complexos, interferindo na parte simples e normal da gravidez.

Têm sido realizados estudos e pesquisas consideráveis sobre a gravidez e o parto, mas estes nem sempre dão origem a respostas claras. As pesquisas demonstram que algumas das rotinas outrora comuns são inúteis. É o caso da monitorização fetal electrónica, as episiotomias e a raspagem dos pelos púbicos da mãe. Algumas pesquisas descobriram tratamentos que podem salvar vidas, como por exemplo a administração de gamaglobulina às mães com factor Rh-. Outras, limitaram-se a confirmar aquilo em que as mulheres sempre acreditaram: caminhar e efectuar movimentos durante o parto é útil, ter um apoiante é algo inestimável e as mulheres sabem quando e como fazer força para expelir os bebés.

No entanto, a pesquisa é apenas uma base de apoio. Cabe-lhe a si decidir como aplicar os resultados dessas pesquisas à sua situação individual. Trata-se do seu bebé, do seu corpo, da sua família e é você que vai conviver com as consequências das decisões que tomar. Sabe o que é importante para si e pode fazer as opções certas para a sua gravidez encarando os resultados das pesquisas como apenas um factor (sem duvida, importante) da tomada de decisão."

"Gravidez e Parto - As Melhores Provas" de Joyce Barrett e Teresa Pitman

3 comentários:

ni disse...

Eu já tomei a decisão... agora só falta a próxima gravidez...
;o)
beijinhos e abraços
p.s. - mas acho que vou intervalar um bocadito...

Sara disse...

Não fosse a monitorização electrónica fetal e hoje em dia, em vez de agarrar a minha sobrinha de quase um ano ao colo, ia visitá-la ao cemitério.
A medicina avançou e colocou-se ao "serviço da parturiente" por algum motivo. Por algum motivo hoje em dia se morre muito menos de parto. Talvez porque o parto deixou de ser tão natural (como vocês gostam), e tenha passado a contar com a medicina (com tudo o que isso pode ter de bom e de mau). Passei 20 horas em trabalho de parto e dou graças pelas tecnologias. Graças pela anestesia, pela anelgia da epidural e pela cesariana com que tive de finalizar. Se tivesse ficado em casa a ter um parto natural talvez não tivesse sobrevivido eu ou a bebé, ou talvez tivesse terminado estafada por ter um bebé 60 horas depois e com dores inimagináveis (uma vez que ao fim de 20 horas e com a ajuda da oxitocina só cheguei aos 6 cm).
Não digo que concorde com tudo o que se faz nos partos hospitalares, mas se todos os hospitais fossem como o Garcia de Orta, era um grande passo na humanização (e isso é o mais importante). E a tecnologia também pode estar ao serviço da humanização dos partos, como esteve no meu caso.

Luisa Condeço disse...

Querida Sara, fico muito feliz que a tua bebé tenha nascido bem. Gostaria de recordar apenas que as doulas não são contra a tecnologia nem apologistas de partos naturais em qualquer situação. Permite-me discordar quanto ao morrer-se menos de aprto. Estudos científicoas apontam para uma menor mortalidade e morbilidade maternal e infantil sim, mas graças à evolução e desenvolvimento do saneamento básico, da melhoria da qualidade da alimentação, etc. Pode-se encontrar estas evidências na OMS, entre ourtros locais. Num parto em casa (que apenas deve ser para grávidas de baixo risco) a monitorização fetal do bebé também é feita, e de uma forma intermitente, como é aconselhada. Em caso de dúvida, a mãe é sempre levada para um hospital, ou corremos o risco de a dúvida tornar-se uma confirmação de sofrimento. A tecnologia é uma alidada do ser humano, mas não deve ser considerada o suprasumo, substituindo a natureza, a sabedoria das mulheres. Para as mulheres que não desejam ou não podem ter um parto natural, ela existe para as salvar. Em caso contrário, há milhões de anos que parimos os nossos bebés e continuamos a saber fazê-lo. Obrigada pela tua opinião.
Luisa
Doula, mãe de dois meninos de cesariana, que se assim não fosse não os teria.