quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Dar à Luz Hoje

"Um parto é bom quando deixa a mulher inteira, no mínimo contente consigo própria (e não somente porque está com seu bebê no colo), quando é respeitada (e se sente respeitada), é informada sobre os procedimentos que vão ser efectuados e, possivelmente (eventualidade raríssima) lhe é solicitado o consentimento para a realização de alguns deles, quando seus direitos como cidadã e ser humano são reconhecidos.
(...) As mulheres geralmente não são informadas sobre o que está acontecendo com elas, nem nos hospitais públicos, nem nos particulares. O que é do âmbito médico permanece em “segredo”. A parturiente é “paciente”, um corpo sujeito à intervenção médica. Uma vez que ela está lá e está pagando ao profissional, fica subentendido que ele recebeu a autoridade para fazer tudo (ou quase) o que ele (com sua formação, cultura, hábitos e crenças) julgar necessário. Nenhum procedimento de rotina é comunicado às parturientes. Muito menos é perguntado a elas se os aceitam. Não só. Durante o pré-natal, inclusive dos “obstetras cinco estrelas” (porque, repito, essa não é uma questão que muda com a classe social da parturiente, uma vez que frente ao médico são todas “pacientes”), não é explicado à mulher como é o parto normal hospitalar, nem como é que acontece uma cesárea. As mulheres vão ao hospital vedadas. Não sabem o que as espera. Muitas delas podem até, sob sugestão do próprio profissional, ter visitado a maternidade, para se “ambientar”, para conhecer o quarto, o berçário e a sala de parto. Mas ninguém lhes diz o que passarão lá dentro, quais são suas opções e quais seus direitos. Dar à luz hoje se tornou uma façanha para a mulher que quer estar consciente e ser activa durante o nascimento de seu filho. O movimento pela humanização do parto nasceu para contribuir para uma mudança efectiva nesta direcção: oferecer o suporte físico, psicológico com informações de qualidade e orientações para que ela possa viver seu parto com segurança, satisfação e plenitude."

Adriana Tanese Nogueira (adaptado)
Texto integral em http://www.amigasdoparto.org.br/ce_parto.asp

1 comentário:

mfc disse...

Muitos parabéns pela reportagem televisiva.
Um abraço.