domingo, 8 de maio de 2005

Atingimos o pico dos erros alimentares

Na Revista Pública (parte integrante do Jornal Público, de hoje, domingo) podem ler um excelente (mas curto) artigo, com texto de Adriane Brand, pediatra, co-autora do livro "Como devo alimentar o meu filho?"

Saliento apenas uma passagem, relativamente à amamentação:

(...)
"Pela amamentação?
Que é algo que se tem de promover muito mais. É errado começar a dar sopa e fruta aos quatro meses e depois as papas. O ideal seria amamentar a criança em regime exclusivo até aos seis, sete meses de idade. Quando se dá alimentos muito calóricos a uma criança pequena, ela aumenta de peso muito rapidamente, o que não é bom. Nós formamos adipósitos, que é o tecido gordo, até aos dois anos. Se deixarmos a criança engordar rapidamente, ela ficará sempre em desvantagem, porque passa a ter muito tecido adiposo. E terá sempre problemas para manter o peso. Durante toda a vida"
(...)

Fiquei bastante satisfeita com o artigo mas o mesmo já não posso dizer de um outro na mesma revista, escrito pela Jornalista Andreia Azevedo Soares, intitulado "Deficiência em ferro na gravidez pode prejudicar relação afectiva entre mãe e bebé"

Em primeiro lugar, esta chamada deficiência não é nada mais nem nada menos do que uma resposta natural da placenta ao diluir o sangue para que o bebé obtenha todos os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. Esta hemodiluição é natural e desejada significando isto que todas as mulheres grávidas deveriam ter um nível de hemoglobina baixo. Isto não é uma deficiência mas sim uma resposta natural de uma placenta a funcionar bem. Existem estudos que relacionam níveis de hemoglobina entre os 9 e os 9.5 e resultados mais positivos de partos e de maior peso dos bebés.

Em segundo lugar, este "estudo" envolveu um número de 64 mulheres que apresentavam uma falta moderada em ferro (normal!) e outras 31 cuja falta era aceitável (?)...
Duvido que esta amostra seja sequer considerada um estudo! Onde estão as diferenças?

Para estudos sérios e conclusivos de que a maior parte das mulheres não necessitam de suplementos vitamícos queiram ver, por favor, a bibliografia recomendada no nosso blogue em A Guide to Effective Care in Pregnancy and Chilbirth.

Em terceiro lugar, isto é o que chamo de "artigo causador de ansiedade", isto porque acredito que neste momento haverá uma série considerável de pré-mamãs a considerarem tomar suplementos de ferro apenas por receio de que isso vá pertubar a sua relação afectiva com o seu bebé!!!!!

E para quem estás de graças, ansiedade e preocupações não são bem vindas!!! Ainda por cima infundadas!


Claro, nem tudo no artigo está incorrecto, a jornalista acompanha com algumas dicas de alimentos onde encontrar ferro, o que me lembra que a maior parte das mulheres não necessita de suplementos, mas sim de conselhos sobre nutrição.

5 comentários:

Ana disse...

O artigo do Ferro é completamente inacreditável... as coisas que inventam.
Eu estou a tomar suplemento de ferro desde as 20semanas. A minha hemoglobina continuava a descer bastante, estava em 10. A questão do ferro colocou-se porque me sentia muito mal, não respirava bem, tinha tonturas etc.... A minha médica disse que podia ser por falta de ferro. A verdade é que após um mês de tomar Maltofer como suplemento senti-me melhor. Agora às 34 semanas fiz análises e o valor (mesmo com suplemento) continua igual.
Eu acho que cada caso é um caso... mas em todos eles tenho a certeza que não influencia o amor e cumplicidade com o bebé.
E não digo mais nada que já me alonguei.

Beijocas ana
xapinha.blogs.sapo.pt

Luisa Condeço disse...

Olá Ana
Obrigada pela tua visita e por nos deixares a tua experiência. É engraçado como a tua análise à hamoglobina continua em 10 valores, se tivesse mudado provavelmente teria sido devido ao Maltofer.
Reviste a tua alimentação quando andavas mais cansada? Espero que estejas melhor! E sim tens razão, cada caso é um caso, mas não acredito que isso implique na relação da mãe com o bebé, não é?!!
Um beijinho de boa gravidez!

Ana disse...

Só vi hoje a resposta.
Desde que estou grávida que tenho mesmo muito cuidado com a alimentação. E todos os dias como legumes, alimentos ricos em ferro e aumentei o consumo da vitamina C porque dizem que ajuda a absorção do ferro. Por isso, acho que é mesmo o meu organismo.
Já agora, a minha médica diz que o virus da toxoplasmose morre quando submetido a altas temperaturas. Por isso, tudo o que é fervido deixa de ser um risco de contágio. Com este pensamento enfrasquei-me em CARACÓIS que adoro! No dia seguinte, uma conhecida disse-me que a médica dela a proibiu de comer caracóis porque tinham muita terra. Mas esta terra já não está fervida???? Qual é a vossa opinião...(ainda não tive coragem de ligar à médica com uma pergunta destas...)
Obrigada ana
xapinha.blogs.sapo.pt

Dina Almeida disse...

Ainda bem que o regime alimentar do bebé deve ser esse. Amamentei o meu filho até aos seis meses. Apesar do que me custou, confesso, porque trabalho em casa e conjugar as duas coisas é semore complicado... fico contente por valer a pena... apesar de tudo o que se ouve que é uma estupidez, um exagero, um sacrifício desnecessário para a mãe, uma dependência exagerada que o bebé cria em relação à mãe.
A verdade é que ele está agora com um bom peso e espero que não venha a ter os problemas de peso habituais na nossa família. Já agora, parabéns pelo vosso blog que muito me tem ajudado... ;-)

Luisa Condeço disse...

Obrigada pela visita D! E pela troca de experiências que é sempre tão bem vinda!!
Ana, vou ao blogue responder directamente, está bem!
Um beijinho a todas!