sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Quais são as necessidades básicas de uma mulher em trabalho de parto?

Durante o trabalho de parto, o órgão mais activo é o cérebro primitivo (hipotálamo e glândula pituitária) que segrega um "cocktail" complexo de hormonas, entre elas a oxitocina, que conduzem o processo fisiológico.
Há uma redução drástica na actividade da parte "nova" do cérebro -o neocortex- a parte que é mais solicitada em estados de alerta, de consciencialização do mundo em redor e da comunicação e vida social. É uma parte do cérebro que está muito desenvolvida nos seres humanos, mas que durante o parto é essencial que se recolha aos bastidores, para que haja boa progressão no parto, já que liberta hormonas (da família da adrenalina) antagonistas da oxitocina, impedindo o normal desenrolar do parto.
Desta forma é essencial protejer a mulher em trabalho de parto da estimulação do neocortex.
Tendo este objectivo em mente, é fácil compreender as necessidades básicas da mulher durante o parto:
1- O silêncio - visto que a linguagem é um forte estimulante do neocortex
2- Luz fraca - as luzes fortes dos hospitais são um outro estimulante
3- Privacidade - é importante não se sentir observada ou monitorizada constantemente
4- Segurança - Se a mãe se sente insegura por desconhecer o ambiente ou as pessoas que a rodeiam, o parto tem tendência a demorar-se
5- Conforto térmico -Devem evitar-se extremos de temperaturas, sobretudo o frio, que estimula a produção de adrenalina

Facilmente se constata que estas cinco necessidades básicas não são respeitadas no ambiente hospitalar. Aliás, muitas das práticas de rotina dos hospitais não se baseiam em evidências cientificas e só podem ser compreendidas num contexto histórico. Isto aplica-se ao uso rotineiro do CTG (ver artigo cesarianas - sabia que...), ao uso rotineiro das episiotomias e á posição deitada em que a maioria das mulheres é sujeita durante a dilatação.
Num parto em casa, habitualmente , estas necessidades básicas são respeitadas, resultando num melhor progresso do parto e numa maior satisfação da mãe e saúde do bebé.
Mais informação em "The Farmer and the Obstetrician" Michel Odent, Free Association Books http://www.michelodent.com

2 comentários:

Anónimo disse...

da Mamãããã!!! em mfcf.blogs.sapo.pt:
Olá, Luísa, obrigada por ter passado no meu cantinho.
Já conhecia superficialmente a função da Doula, que é mais usada noutros países. Pena que não haja aqui por Lisboa alguma Doula com experiência. Podia ser muito útil, uma mulher ser acompanhada por uma Doula no Hospital.
Boa sorte, espero que consigam espalhar esta prática e os ensinamentos de um parto mais natural e acima de tudo: humanizado.

mfc disse...

Embora no que me diz respeito, jamais, directamente, precisarei dos seus serviços, poi sou homem, gosto se saber e como tenho 3 filhas... casadoiras, nunca se sabe.

PS - E obrigado pelo seu comentário. Muito simpático.