segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Carta de uma mãe, o parto e as doulas

"Gente,
Eu nunca pensei direito no significado da palavra doula... na verdade, no meu começo aqui, achei que a doula era uma pessoa meio dispensável porque ela não sabia fazer um parto. Estou sem vergonha de dizer isso, porque confessar o tamanho da minha ignorância é a melhor forma de engrandecer o que tive aqui com as minhas amadas doula Luisa e Carla.

Eu vi a Luisa uma vez antes do meu parto, e a Carla eu fui conhecer na noite anterior. Era possível que algum laço de amor, afecto e amizade se formasse entre nós em tão pouco tempo?

Essa duas mulheres mostraram um amor incondicional a mim, ao meu bebé, ao meu marido e ao meu filho Caio. Elas vieram de mansinho... pisando devagarinho, para saber até onde poderiam ir ... Elas dirigiram cento e tal quilómetros, deixando em casa maridos, filhos e tudo o resto, para estarem comigo aqui de madrugada, me acalmando e me tranquilizando... elas se doaram a mim e à minha condição, sem pedir nada em troca... tudo e somente o que elas queria é que "desse certo".

Elas foram a minha mãe, minhas irmãs, as minhas amigas e mais um tanto de gente que ficou no Brasil.

Elas me fizeram sentir que eu era capaz, e que elas estariam comigo em qualquer decisão que eu tomasse. Elas podiam guiar o carro para o hospital, ou aparar o Enzo em suas próprias mãos, se a parteira não chegasse... era só eu pedir.

A Luisa, a minha doula oficial, deve ter um pé aqui e outro lá na comunidade dos anjos do céu... tem o olhar mais cheio de tranquilidade que eu já vi na vida. Se ser doula é um dom, ela certamente nasceu repleta dele. Espero que as mulheres dessa terra acordem logo para o parto humanizado e possam se permitir desfrutar desse amor que ela carraga... porque ela transborda carinho e atenção... ela é um presente dos deuses para essa turma de mães "escravizadas" pelo sistema. Foi um privilégio tê-la comigo!

A Carla minha doula e guardiã de meu tesouro Caio. Não fosse ela eu não tinha nem 1 cm de dilatação, fechava logo as pernas e impedia o Enzo de nascer... preocupada com o Caio que poderia estar assustado e ainda febril. Ela tem um sorriso doce e uma voz mansinha, que parece que canta para a gente dormir. Sabe aquelas mulheres delicadas que na verdade têm a força de uma leoa? Foi assim que eu a vi. E é dessa forma que me lembrarei dela por toda a minha vida!

Obviamente que eu descobri que é possível parir sem hospital e sem médico. E junto, descobri que parir tendo uma doula é essencial. Eu que tive duas (quatro, contando com as virtuais!), fui a mulher mais sortuda do mundo!!!

Luisa e Carla, estarei sempre aqui, com portas e braços abertos para toda a ocasião... eu nunca vou conseguir retribuir o bem que me fizeram.... mas saibam que agora a minha família também é suas. Fiquem por perto sempre que desejarem. E saibam que estar com vocês vai ser sempre uma forma de reviver o "nosso re-nascimento".

Um abraço forte, daqueles que a gente sente o coração da outra pessoa batendo!"

Waleska Nunes

Parto em casa depois de cesariana
Carta publicada com autorização da autora, a quem enviamos um abraço daqueles fortes...
Muito obrigada por nos deixarem participar desse vosso milagre
Luisa Condeço e Carla Guiomar

30 comentários:

Romy Maria disse...

Não sei se fiz bem ou mal mas a ideia de haver Doulas em Portugal deu-me vontade de divulgar a iniciativa aos 4 ventos.
Criei no Orkut uma comunidade chamada Doulas de Portugal (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=582937) onde coloquei disponível para leitura e comentários alguns dos textos deste blog, respeitando sempre os autores e o link a este log como sendo a fonte de informação.

O Orkut é uma comunidade fechada, se alguma de voces quiser gerir a comunidade terei todo o gosto e fazer o convite para que possam entrar.

Anónimo disse...

da Mamãããã!!! em mfcf.blogs.sapo.pt:
Linda carta de agradecimento, mas gostaria mesmo de saber como correu, passo a passo...se a mãe autorizasse.

Carla Guiomar disse...

Olá Lyrae, obrigada pela tua iniciativa de divulgação das doulas. Qualquer ajuda é preciosa pois ainda somos poucas. Que bom sentir noutras mulheres portuguesas a mesma energia e amor a esta missão. Gostava muito de entrar na Orkut. Podes convidar-me? sandro.carla@netvisao.pt

Luisa Condeço disse...

Pois, eu não consigo convidar ninguém, não me entendo com a orkut! Vai ao sitio da Lyrae e pede-lhe directamente! bejo

Carla Guiomar disse...

Olá Mamãããã!!! estava a dar aqui umas voltas pelos blogs e dei com o teu! Quando voltares ao Badoca diz qq coisa. Eu moro numa quinta ao lado dos tigres (temos lá dois burros para se alguma vez os tigres fugirem encherem a pança com eles primeiro). Quanto à história do parto da Waleska, ela ficou de escrever um relato na lista de discussão. Quando ela o fizer e se ela der autorização podemos colocá-lo aqui, ok? Beijinhos.

Romy Maria disse...

Carla, já te enviei o convite, mas o orkut a esta hora é impossivel... quando o continente americano (norte e sul) acordam só dá erros.
É provavel que o convite demore a chegar.

Beijos

Carla Guiomar disse...

Obrigada pelo convite Lyrae e Luísa, mas quando clico em qq um deles aparece "invitation failed"... e uma lista de possíveis motivos por baixo... mas todos me parecem chinês... vou chorar... sou muito pouco empoderada na informática... amanhã tento de novo. Ah se puderem experimentem a mandar o convite para outro endereço: andreaguiomar@hotmail.com , a ver se tenho mais sorte.

Luisa Condeço disse...

Carla!! Tenta copiar o endereço para a barra e entrares depois, eu consegui assim!

Anónimo disse...

da Mamãããã!!! em mfcf.blogs.sapo.pt:
hehe, Carla, que senso de humor tão preverso...(estou a falar dos coitadinhos dos Burros). Quando lá voltar, terei o maior prazer em te ir chatear à quinta, tenho a certeza de que o Rafael ia adorar conhecer mais de perto os Burros.
Fico à espera desses e de outros relatos, mesmo sem nomes e até na terceira pessoa. É que, as experiências passadas por outros, positivas ou negativas, parecem sempre mais verídicas do que teorias, não é?
Eu espero que, todas juntas - PODEROSAS - as mulheres portuguesas, com a vossa ajuda de Doulas, consigam mudar, lentamente, esta mentalidade com que somos presenteadas....
Beijinhos e muita preserverança.
Mamãããã!!!

Romy Maria disse...

Atenta, conheço a Sara à alguns anos e coisa que ela nunca vai estar é em pânico. Sempre foi sedenta de informação e é uma grávida consciente, não gosta é da dor, quem gosta? Nem todas somos iguais…
Se ela quer fazer cesariana que se faça a sua vontade, é da inteira responsabilidade dela lutar pela humanização do seu parto, respeitar as opções da mãe é uma prioridade.
Em Portugal ainda não se tem muito a capacidade de decisão sobre “como queremos que os nossos filhos nasçam” mas podemos ajudar, se alguém sabe de algum hospital estatal que faça cesariana por vontade da grávida que a avise.

Carla, vou enviar novamente o convite, mas tenta copiar o endreço e colar no Internet Explorer...

Luisa Condeço disse...

Obrigada Lyrae, pela explicação, pensei que tinha sido a própria a mandar o pedido de socorro, espero que a Sara não me leve a mal. Toda a mulher deveria poder escolher o que mais deseja para o nascimento do seu filho. Mas uma cesariana electiva tem muitas desvantagens e vou só explicar algumas, para que todas estejamos bem informadas! Quando os pulmões do bebé atingem a maturidade este liberta uma hormona no corpo da mãe que dá início á libertação da oxitocina. Esta é responsável, por sua vez, pelas contracções. A oxitocina (hormona do amor como lhe chamam) vem acompanhada da prolactina (para o leite) e das endorfinas (anestesias naturais do corpo), Quando há um parto vaginal, há uma tendência natural do bebé gostar do peito, beber mais e melhor, porque o bebé fica "dependente" do leite (endorfinas lá existentes)da mãe. Cesariana muitas vezes quer dizer dificuldades na amamentação. Numa cesariana, o bebé nasce sem maturidade pulmonar e há estudos que comprovam que existe relação entre doenças respiratórias e bebés nascidos por cesariana. Mas o desejo da Sara deverá sempre ser respeitado, e para isso tb é bom informá-la de tudo. Obrigada pela sinceridade. bjinhos luisa

Carla Guiomar disse...

É defensável que a mulher possa escolher a forma como quer que o seu bebé nasça, mas é absolutamente imprescindível que as mulheres tenham acesso a informação independente, de qualidade, baseada em evidências científicas, para que o possam fazer de forma consciente e responsável. Essa informação é praticamente inexistente no nosso país (já existe alguma coisa em Português do Brasil), e aquilo que temos nas revistas para mamãs é geralmente a publicação de artigos que reflectem o modelo obstétrico, que é um modelo de controlo e intervenção, com uma perspectiva mecanicista do corpo da mulher e com a tecnologia como símbolo de progresso inquestionável. Perante esta realidade, não é surpreendente que muitas mulheres receiem o parto e entreguem a responsabilidade do mesmo aos médicos. Não estamos contra os médicos, eles ocupam o seu lugar no processo, e felizmente que os temos quando as situações o justificam, mas as evidências científicas mostram que a intervenção desnecessária é prejudicial para a saúde da mãe e do bebé. Os médicos não são deuses totipotentes, são seres humanos com o seu sistema de crenças, muitas vezes baseadas numa transmissão cultural e não nas evidências científicas(ver Robbie Davis-Floyd). Não acredito que uma mulher que tenha plena consciência dos impactos negativos de uma escolha que faz, ainda assim a faça, pois uma mãe quer sempre o melhor para o seu filho. Mas se assim for, isso será uma outra questão, com outras dimensões. Agora, aquilo por que temos que lutar é por uma informação de qualidade, por um movimento de mulheres e de homens informados, para dar à luz um novo país no que respeita ao nascimento, resgatando a centralidade da mulher no parto e a sua consequente humanização. Não tenho a menor dúvida de que o caminho está aberto e naturalmente seguiremos nessa direcção tal como outros países já o têm vindo a fazer há muitos anos, pois apesar de tudo somos uma espécie inteligente e uns mais tarde outros mais cedo, acabaremos por ver a luz. Sobre o tema da cesariana planeada, aconselho vivamente a leitura do livro “The Cesarean” do obstetra Michel Odent, há uma versão on-line e brevemente estará disponível a tradução em português do Brasil.
http://www.michelodent.com/book.php?id=381
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u3450.shtml

mfc disse...

Fico contente com o vosso sucesso.

Anónimo disse...

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